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 08/12/2010 | EDUCAÇÃO

Avaliação internacional expõe avanço lento e nível baixo da educação do País

Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) trouxeram uma boa e uma má notícia para o Brasil. As notas mostram que a média do País subiu 33 pontos entre 2000 e 2009. O problema é que a qualidade do ensino é tão ruim que, entre os 20 mil alunos brasileiros que fizeram as provas de leitura, ciências e matemática, mais da metade deles fica sempre com a nota mais baixa, o nível 1.
É esse desempenho abaixo da média nas provas que mantém o Brasil, apesar da melhora ao longo da década, nos últimos lugares do teste internacional - 53.º de 65 países. Em ciências, nenhum aluno brasileiro atingiu o nível 6 do Pisa. E só 20 deles (0,1%) chegaram ao nível 6 em leitura e matemática.
O Pisa, realizado a cada três anos, avalia o nível educacional dos jovens de 15 anos em todos os países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), considerados de Primeiro Mundo, além de convidados, como o Brasil, que participa desde 2000. Nesse período, o País nunca conseguiu ir além das últimas posições - chegou a ficar nos últimos lugares nas primeiras edições. Neste ano, conseguiu passar, na América Latina, Argentina e Colômbia, mas ainda está atrás de México, Chile e Uruguai.
A evolução registrada no teste de 2009 até é significativa - o País foi o terceiro que mais cresceu. Na década, só dois outros países cresceram mais, o Luxemburgo e o Chile.
Nível 1. Em leitura, 50% dos estudantes ainda alcança apenas o nível 1, o que significa que eles apenas são capazes de encontrar informações explícitas nos textos. Não são analfabetos, mas só têm o nível mínimo de habilidade de leitura. Em matemática, um contingente de 69% dos alunos brasileiros também não passa do nível 1 - eram 73% em 2006. Não conseguem ir além dos problemas mais básicos, têm dificuldades de aplicar a matemática e, na avaliação da OCDE, nem tirariam proveito de uma educação mais avançada.
Em ciências, 54,2 % dos jovens brasileiros testados também ficaram no nível 1 - entendem apenas o óbvio e têm enormes dificuldades para manejar conceitos científicos básicos. Em 2006, 61% estavam nesse nível.
A síntese da qualidade de ruim do ensino brasileiro está na outra ponta dos resultados do Pisa: eles mostram que 98,2% dos estudantes que fizeram a prova não tiveram "alto desempenho" em nenhuma área. A maior parte de jovens brasileiros não alcança a média, que são os níveis 3 e 4.
O nível mais alto de todos, o 6, é difícil mesmo para países desenvolvidos, onde o bom desempenho atinge 3% dos alunos em leitura e 4% em ciências. Já em matemática, há exceções, como Xangai (China), em que 26,6% alcançam o patamar mais alto.
Cenário. Segundo o relatório do Pisa, a melhora no Brasil se deve à ampliação do investimento e ao crescimento dos testes de avaliação. Mas as políticas públicas para a qualidade do ensino, a começar pela formação e remuneração dos professores, deixam a desejar.
O relatório da OCDE pergunta: "Como são pagos os professores na comparação com outros trabalhadores de alto nível? Você gostaria que seu filho fosse professor?" O Brasil vai mal nas respostas a essas perguntas.
PARA ENTENDER

Exame incluiu leitura de texto no computador
O principal objetivo do Pisa é apresentar indicadores educacionais que possam ser comparados entre países, mostrando, assim, a eficiência dos sistemas nacionais. As avaliações são feitas a cada três anos, com provas de leitura, matemática e ciências. A cada edição, uma das áreas é enfatizada - neste, o foco foi em leitura e incluiu, pela primeira vez, textos online. Fazem as provas alunos de 15 anos dos 34 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e de mais 31 convidados. O exame dura duas horas e é formado por questões de múltipla escolha e perguntas abertas. Os alunos também responderam a questionários sobre motivações, atitudes e métodos de estudo. A margem de erro do ranking é de 5 pontos.
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